10 de junho de 2010

Cor.

Antes de mais, este texto deveria ter sido inserido junto à proposta da cor, mas, por motivos técnicos, só foi possível apresentá-lo agora.

A cor é uma percepção visual provocada pela acção de um feixe de partículas electromagnéticas sobre células especializadas da retina, que transmitem, através de informação pré-processada no nervo óptico, impressões para o sistema nervoso.

A cor de um material é determinada pelas médias de frequência dos pacotes de onda que as suas moléculas constituintes reflectem. Um objecto terá determinada cor se não absorver justamente os raios correspondentes à frequência dessa mesma cor.

A cor é um elemento crucial na vida de qualquer ser humano, na medida em que é presença assídua no ambiente que o envolve. Assim, surge inevitavelmente associada ao mundo das sensações, uma vez que a presença ou ausência de uma determinada cor provoca reacções distintas em cada pessoa.

O mundo da cor é percepcionado através da visão, mas o cérebro desempenha igualmente um papel crucial, podendo afirmar-se que os olhos serão os sensores, mas o cérebro é o processador.

O olho humano é bastante complexo, não tendo simplesmente a tarefa de captar a realidade como se se tratasse de uma máquina fotográfica. Este também se ajusta à intensidade luminosa e provoca impulsos nervosos que se estendem até ao cérebro, onde se efectua, efectivamente, a visão.

Uma mesma cor pode ser interpretada por cada um de nos de diferentes formas, logo é possível assumir uma cor relativa como sendo verdadeira.

Através do olho humano, a cor pode ser descrita pela quantidade de luz acromática (saturação), reflexão de luz (luminosidade) e objectos emissores de brilho (brilho).

É impossível falar de cor sem falar de luz, pois a primeira é o resultado da existência da segunda. Assim, se não existisse luz, apenas existira preto, que é definido como não cor.

O preto resulta de uma total absorção da luz, enquanto que o branco reflecte toda a luz. Deste modo, o branco e o preto não são exactamente cores, mas características da luz.

A cor constantemente apreendida por nós, seres humanos, e, aparentemente, as diversidades tonalidades d cor que conseguimos diferenciar não são mais do que cores isoladas, no entanto, estas vão surgindo como combinações entre outras. Assim, existem vários tipos de cor.


Cores primárias

O amarelo primário, o azul ciano e o vermelho magenta são cores primárias. Cores independentes que não se podem decompor e não derivam da mistura de outras cores.

A sua mistura é que permite a definição de outras cores. Se esta mistura for simultânea obtém-se a cor preta, falando-se numa mistura subtractiva de cores, pois o seu resultado é a inexistência de cor (preto).





Cores secundárias

O verde, o laranja e o violeta são cores secundárias, pois resultam da mistura das cores primarias em quantidades desiguais.

Amarelo Primário + Azul Ciano = Verde

Amarelo Primário + Vermelho Magenta = Laranja

Azul Ciano + Vermelho Magenta = Violeta


Da mistura simultânea destas cores obtém-se a cor branca, falando-se numa mistura aditiva, pois o branco resulta da soma das outras cores, sem perder as suas qualidades.


Cores terciárias


As cores terciárias resultam da mistura entre uma cor primária e uma cor secundária e não compõem o círculo cromático.

Priria + Secundária = Terciária




Num âmbito psicológico, fala-se na temperatura das cores, podendo distinguir-se cores frias e cores quentes.


Cores frias

Como o próprio nome indica, estão associadas à sensação de frio (à água, gelo, mar. céu, árvores, etc.). São, essencialmente, todas as cores que derivam do violeta, azul e verde.

Cores quentes

Surgem, por oposição às cores frias, associadas a sensações de calor (sol, fogo, vulcões em erupção, etc.) e adrenalina. Derivam, fundamentalmente, do amarelo, laranja e vermelho.



Cores neutras


As cores neutras são o branco, o preto e o cinzento e têm esta designação pela sua origem.

O branco resulta da soma de todas as cores e implica a presença de luz e o preto, por outro lado, significa a total ausência de luz, não derivando, aparentemente, de qualquer cor.

Os vários tons de cinzento têm origem na mistura, em diferentes quantidades, de branco e preto. O resultado de qualquer cor que se misture com branco será sempre claro, pelo contrário, caso se misture com preto, será escuro.

As cores têm uma grande dimensão psicológica e exercem determinadas sobre os seres humanos.

Culturas distintas podem ter diferentes significados para certas cores. Por exemplo, a cor vermelha foi utilizada no Império Romano, pelos nazis e comunistas. Usualmente é também a cor predominante utilizada em redes de alimentação fast food. O vermelho é a cor do sangue e, naturalmente, provoca uma reacção de atenção nos indivíduos.

A cor exerce especial importância nas Artes Visuais. Na Pintura, Escultura, Arquitectura, Moda, Cerâmica, Artes Gráficas, Fotografia, Cinema, Espectáculo, entre outras áreas, esta é geradora de emoções e sensações.

Existem cores que se apresentam como estimulantes, alegres, optimistas e outras como mais serenas e tranquilas, entre outras sensações passíveis de serem transmitidas.

A cor tem vida em si mesma e sempre atraiu e causou no ser humano de todas as épocas, predilecção por determinadas harmonias de acordo especialmente com factores de civilização, evolução do gosto e especialmente pelas influências e directrizes que a arte marca.

A tomada de consciência desta realidade levou à aprendizagem da utilização das cores como estímulos para encontrar determinadas respostas e a cor passou a ter finalidades e funcionalidades praticas, para além das estéticas.

É possível pois, compreender a simbologia das cores e através delas dar e receber informações.


O PRETO está associado à ideia de morte, luto ou terror, no entanto também se liga ao mistério e à fantasia, sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa sofisticação e luxo. Significa também dignidade.

O BRANCO associa-se à ideia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Significa inocência e pureza.

O CINZENTO pode simbolizar o medo ou a depressão, mas é também uma cor que transmite estabilidade, sucesso e qualidade.

O BEGE é uma cor que transmite calma e passividade. Está associada à melancolia e ao clássico.

O VERMELHO é a cor da paixão e do sentimento. Simboliza o amor, o desejo, mas também simboliza o orgulho, a violência, a agressividade ou o poder.

O VERMELHO-ESCURO significa elegância, requinte e liderança.

O VERDE significa vigor, juventude, frescor, esperança e calma.

O VERDE-ESCURO está associado ao masculino, lembra grandeza, como um oceano. É uma cor que simboliza tudo o que é viril.

O VERDE-CLARO significa contentamento e protecção.

O AMARELO transmite calor, luz e descontracção. Simbolicamente está associado à prosperidade. É também uma cor energética, activa que transmite optimismo. Está associada ao Verão.

O LARANJA é uma cor quente, tal como o amarelo e o vermelho. É pois uma cor activa que, significa movimento e espontaneidade.

O AZUL é a cor do céu, do espírito e do pensamento. Simboliza a lealdade, a fidelidade, a personalidade e subtileza. Simboliza também o ideal e o sonho. É a mais fria das cores frias.

O AZUL-ESCURO, é considerada uma cor romântica, talvez porque lembre a cor do mar, no entanto é uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou monotonia.

O AZUL-CLARO significa tranquilidade, compreensão e frescura.

O CASTANHO é a cor da Terra. Esta cor significa maturidade, consciência e responsabilidade. Está ainda associada ao conforto, estabilidade, resistência e simplicidade.

O ROXO transmite a sensação de tristeza. Significa prosperidade, nobreza e respeito.

O LILÁS, significa espiritualidade e intuição.

O ROSA significa beleza, saúde, sensualidade e também romantismo.

O ROSA-CLARO está associado ao feminino. Remete para algo amoroso, carinhoso, terno, suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e delicadeza. Está ainda associado à compaixão.

O SALMÃO está associado à felicidade e à harmonia.

O PRATEADO é uma cor associada ao moderno, às novas tecnologias, à novidade, à inovação.

O DOURADO está simbolicamente associado ao ouro e à riqueza, a algo majestoso.




E assim se percebe que, para além de todas os factores técnicos, a cor se reveste de uma grande dimensão psicológica e que a forma como a percepcionamos condiciona a interpretação do mundo que nos rodeia.

Aqui seguem também algumas imagens que serviram de inspiração à elaboração da proposta de trabalho:















4 de junho de 2010

Infografia

De um modo geral, a infografia pode ser definida como uma representação visual de informação. De facto, com este tipo de trabalhos pretende-se explicar um determinado fenómeno, por vezes complexo, recorrendo a imagens (fotografias, desenhos…), pois, de vez em quando, há informação, que pela sua natureza, necessita de ser tratado de uma forma mais dinâmica para ser mais facilmente e rapidamente perceptível.

É comum numa infografia existir uma combinação de fotografia, desenhos, ilustrações, diagramas e texto. O texto é considerado um acessório, apenas está presente para explicar certos detalhes que as imagens não consigam abranger, pois a mensagem geral é transmitida pelos outros elementos visuais.

As origens da infografia remontam à Pré-história, tendo surgido muito antes da escrita, daí o facto de o texto ser apenas acessório.

Os primeiros mapas foram encontrados na Turquia e datam de 6200 a.C.

Já no século XVI, Leonardo da Vinci deu um grande contributo à infografia, tentando explicar fenómenos que descreveu detalhadamente sem enfatizar experiências ou explicações teóricas. Os seus estudos anatómicos, nomeadamente os desenhos de embriões constituem obras consideradas como infografias de grande complexidade.

No século XIX, Charles Minard também teve um contributo importante quando criou uma infografia sobre a marcha de Napoleão sobre Moscovo, num estilo que, ao contrário de Da Vinci, se parece mais com as infografias estáticas actuais.


O trabalho de Minard é um exemplo pioneiro de como muita informação pode ser sintetizada para se tornar mais inteligível.

Através de um gráfico aparentemente simples (e só aparentemente), o autor disponibilizou informações como a distância que os soldados percorreram, as altitudes que atravessaram, as baixas temperaturas que enfrentaram e a variação dos número de soldados, à medida que as tropas morriam, quer de fome, quer de ferimentos, com vista a explicar o fracasso da campanha de Napoleão.

Com base no legado destes e de outros autores, a infografia foi evoluindo e conta, actualmente, com um grande aliado: a tecnologia.

De facto, com o advento de diversos programas informáticos, a infografia conheceu um grande desenvolvimento e tornou-se uma das formais mais eficientes de tratar a informação.

São inúmeras as áreas que se servem da infografia para explicar variadíssimos fenómenos, desde a Ciência à Comunicação Social.

Nos sites dos jornais, as infografias são presença assídua e costumam ser utilizadas para descrever como ocorreu determinado facto e quais as suas consequências, tratando a informação com uma eficiência que, de um modo geral, um texto e uma foto não conseguem alcançar.

Não obstante, não há muita produção infográfica em Portugal como refere Alberto Cairo, antigo director de infografia do jornal espanhol El Mundo, numa entrevista ao JPN (Jornalismo Porto Net), publicada em 2006, que contou com texto e foto de Carina Branco.


Infografia: Jornais portugueses têm pouca produção própria



Alberto Cairo diz que jornais portugueses usam muitas infografias de agência, o que lhes retira prestígio. "Expresso" produz "muito boa infografia".

O antigo director do departamento de infografia do jornal espanhol "El Mundo" analisou, a convite do JPN, alguns jornais portugueses que usam desenhos gráficos para ilustrar o 11 de Março, em Madrid. Alberto Cairo reconhece que a infografia é ainda considerada "um género menor" e que um jornal de referência deveria ter, no mínino, oito infografistas.

Um jornal nacional e de referência, quantas pessoas deve ter no departamento de infografia?
Depende muito das suas vendas. Em Espanha, o "El Pais", que vende cerca de 400 mil exemplares por dia, tem oito infografistas impressos e dois "online". O "El Mundo", que vende cerca de 330 mil exemplares, tem oito ou nove pessoas no impresso e cinco no online. Mas há jornais mais pequenos, como "La Voz de La Galicia", que tem seis pessoas na infografia impressa e nenhuma na "online".

Então, um diário como o "Público", que tem três infografistas, ou o "Diário de Notícias" (cinco), quantos profissionais deveria ter?
Eu diria que um periódico de referência e de qualidade de um país deve ter, no mínimo, sete pessoas no departamento infográfico impresso e uma no online (no mínimo). Mas têm de trabalhar em equipa.

O que pensa do trabalho dos jornais portugueses ao nível infográfico?
Conheço pouco da imprensa portuguesa, no que concerne à infografia. Conheço o trabalho do "Expresso", que faz uma infografia muito boa em geral. O "Público" também tem alguns gráficos interessantes. O que reparei é que os jornais portugueses tendem a usar infografias de agência, não de produção própria. Usar gráficos de agência é como usar notícias de agência, retira prestígio.

Analisando o exemplo do 11 de Março, em que os diários recorreram muito a gráficos, como é que está a infografia?
O "Público" está bem organizado, usando exactamente o gráfico que publicou o "El Pais". O "Jornal de Notícias" usa, também, um gráfico muito organizado, feito no próprio jornal. No "Correio da Manhã", todas as bombas a explodir são prescindíveis. É dar espectáculo. É um gráfico muito confuso e não ajuda nada o excesso de cor. Nem se sabe por onde começar a ler.

No caso de um atentado, os infografistas têm de reagir com muita rapidez. Como é que se gere a urgência jornalística das "breaking news" com a produção de reportagens multimédia?
Este tipo de situações é sempre muito difícil, porque fazer uma reportagem infográfica é muito mais complexo do que escrever uma notícia. Posso escrever uma notícia em cinco minutos, mas uma infografia não. À medida que se enfrentam estas situações, adquirem-se mais conhecimentos tecnológicos e velocidade. Por outro lado, desenvolvemos técnicas de trabalho em equipa.

Quais são as principais diferenças entre a infografia impressa e a "online"?
Há muitas. A principal é que a infografia "online" é, obviamente, animada, interactiva e multimédia. Pode-se sequenciar a acção, o que é muito difícil de fazer num papel. E pode-se juntar interactividade e deixar que o leitor maneje os gráficos, mude a informação. Pode-se também incorporar áudio, vídeo, animações em 3D. Ao mesmo tempo, o espaço disponível em papel é limitado, na internet não. De uma forma que se tem uma capacidade ilimitada de proporcionar contexto.

Há muito mais vantagens no "online" do que no papel?
Sim. Mas, ao mesmo tempo, tem algumas desvantagens. Por exemplo, a qualidade da imagem não é a mesma que no meio impresso. Em papel, o espaço físico é maior do que na internet, mas na internet considera-se espaço-tempo e é ilimitado.

Num gráfico em papel controla-se o espaço e num gráfico online controla-se o tempo e o espaço?
Claro, isso é a sequenciação da acção. Em papel, apresenta-se logo toda a informação: título, diagrama, tabela, cronologia. Na internet, não se faz da mesma maneira, sequencia-se a acção. Dá-se a possibilidade ao leitor de aceder a cada peça de informação através de links.

O tempo é a quarta dimensão. E a interactividade?
Sim, a quarta dimensão é o tempo. Na internet, chamo à "quinta dimensão" a interactividade, a possibilidade de ter "links", que levam a peças específicas. Mas a interactividade significa também a possibilidade de manipular a informação. Por exemplo, no caso de uma partida de futebol, o leitor pode manejar os jogadores.

Aplicando a interactividade ao jornalismo, o leitor ao transformar-se num co-autor, não acaba por perverter o poder autoral do jornalista?
Não. Tudo depende de como se apresenta a informação. Olhemos para o mapa do "New York Times" das eleições presidenciais de 2004, nos Estados Unidos. Primeiro, apresentam-se os resultados definitivos. Depois, dá-se a possibilidade ao leitor de mudar os estados para ver onde deveria ter ganho John Kerry para ganhar a eleição. Não se perverte em nada a informação.

O jornalista não perde poder?
Não, porque não se dá a liberdade absoluta ao leitor de fazer o que quer. Dá-se liberdade dentro de parâmetros específicos.

Qual é o estatuto da infografia? Vai estar sempre dependente do jornalismo, é uma linguagem menor?
Não. A infografia usa-se para muitos campos, não apenas no jornalismo. Qual vai ser o seu futuro? Não sei. É um género menor agora mesmo? Sim, porque muitos jornais consideram-na como algo secundário, o que é um erro. Mas creio que isso vai mudar com o tempo, assim que se compreenda o poder deste tipo de representações para apresentar a informação.



Seguem alguns exemplos de infografias estáticas que serviram de inspiração à realização da proposta de trabalho: