17 de março de 2010

Finalmente um CD e uma capa.





Esta é a nossa proposta final. Surpreendidos?

À primeira vista, parece bastante diferente dos esboços anteriores, mas se repararmos bem tem alguns pontos de semelhança, ainda que esta composição tenha ganho forma à medida que ia sendo elaborada, utilizando os programas informáticos Photoshop e FreeHand.

A ideia principal era retratar um mundo louco. Um estado de loucura e apatia, em forma de mundo.

Decidimos associar o mundo a uma mão, a mão de um basquetebolista, como se esta fosse um elemento exterior que gira o mundo sobre si com a intensidade que desejar, sem este poder fazer seja o que for para o impedir. Seguindo a mesma lógica, este mundo pretende ser a tal bola de basquetebol, apenas em forma de mundo.

Assim, utilizando o Photoshop, o contorno da mão foi decalcado a partir de uma imagem retirada da Internet. O contorno simples e preto da mão e o facto de esta não estar preenchida foi propositado, pois, caso contrário, levantar-nos-ia alguns problemas: De que cor seria a mão? Pertenceria a um indivíduo de raça branca ou negra? A um chinês ou a um índio?
Como não era nossa intenção colocar em causa qualquer tipo de discriminação étnica, optámos por esta forma simples. Não é importante a quem é que a mão pertence efectivamente, pode pertencer a quem o observador quiser.

Entre a mão e o mundo há uma grande diferença de escalas, o que foi intencional, pois, na realidade, era impossível uma pessoa suportar o mundo inteiro só com o dedo indicador.

A letra da música fala de um mundo louco onde as pessoas correm em círculos. Assim, pensámos inicialmente em preencher o mundo todo com caras de pessoas sem nos preocuparmos com a sua posição, mas depois mudámos de ideias.

Queríamos um mundo com formas tradicionais (para que este fosse mais um elemento realista na composição), e um mundo tradicional tem continentes e oceanos. Desta forma, os rostos das pessoas preencheriam apenas a parte continental da Terra, dando forma aos diferentes continentes e oferecendo-nos um novo elemento: o contorno.

Destaca-se que estes rostos foram cortados de várias imagens, utilizando o Photoshop, e estrategicamente colocados para que nenhum dos continentes prendesse mais a atenção do observador, pois essa não era a nossa intenção. Houve igualmente um cuidado na selecção das imagens de onde os rostos foram extraídos, pois pretendíamos captar determinadas expressões faciais que denotassem sentimentos específicos que, na nossa opinião, integram de algum modo a loucura, como a raiva, o medo, a ira… e estes rostos deveriam ainda ser o mais representativos possíveis da população mundial, estando presentes pessoas de diferentes faixas etárias, sexos e etnias.

Quanto aos oceanos, a nossa ideia inicial era que estes fossem constituídos por pequenos pontos de diversas tonalidades, mas, depois de algumas experiências, decidimos experimentar algo diferente, algo que oferecesse aos observadores alguma textura, algo que comunicasse visualmente de uma forma mais eficaz. E assim escolhemos na Internet uma imagem de um mar com ondas que, também através do Photoshop, colocámos atrás dos continentes, o que foi igualmente uma solução facilmente exequível mas criativa, pois raramente vemos imagens de globos terrestres com oceanos com ondas.

E assim estava criado o nosso mundo ao qual juntámos ainda uma fina linha verde que contorna os continentes. Esta linha tem dois significados ou funções: visa representar a esperança que o protagonista ainda sente em ver um mundo melhor e, por isso, é verde e também, num sentido puramente figurado, proteger as pessoas loucas, desvairadas de caírem ao mar. É ainda uma linha fina porque, apesar de ser importante nesta composição, não era essencial destacá-la.

Convém ainda referir que o mundo está ligeiramente rodado para a esquerda, criando uma sensação de desequilíbrio, como se a mão o pudesse deixar cair a qualquer momento.

No que respeita ao fundo, pensámos em várias opções, desde vidro estilhaçado a nuvens ou formas geométricas, mas tínhamos, desde logo, em mente que este teria de ser simples para não se evidenciar face ao mundo. Depois de lermos a letra mais umas vezes, surgiu a ideia de uma folha de papel que encaixou perfeitamente no conceito que procurávamos, pois, no fundo, este mundo louco, não é mais do que uma interpretação do autor da letra e, deste modo, é desenhado por ele, daí a folha de papel. Uma folha amarrotada, pois certamente terá desenhado o mundo muitas vezes e dobrado e esticado a folha vezes sem conta. Além disto, a folha de papel confere também textura à própria composição.

Por último, adicionámos ainda uma sombra por baixo do mundo e da mão, transmitindo a sensação de que o mundo tenta sair da folha de papel.

Com esta composição pretendíamos contar uma “história”. E é desta forma que no próprio CD apenas deixámos a mão e uma pequena parte do mundo no lado esquerdo, como se, depois de tanto balançar, este tivesse efectivamente caído.

Concluindo, através da nossa interpretação da música Mad World de Gary Jules, criámos uma composição em que explorámos elementos básicos da Comunicação Visual como a escala, o movimento, a forma, o contorno, a linha…, retratando aquele sentimento dúbio de alegria e tristeza na capa e no CD, respectivamente, passando de uma situação em que a mão ainda sustenta o mundo, para outra em que este acaba definitivamente por cair.

14 de março de 2010

Proposta nº1. Desenvolvimento

No que respeita à Proposta nº1 de DCV, a elaboração de uma composição para a capa de um cd, utilizando os elementos básicos do design e partindo da letra de uma música, nós tivemos bastantes e ideias e elaborámos alguns esboços que, hoje, publico aqui.




Nesta digitalização, é possível ver algumas das nossas ideias iniciais, sendo que umas foram mais exploradas do que outras.

Partindo do princípio de que na letra da canção Mad World as pessoas se encontram num estado de apatia e passividade e o autor acha este mundo louco simultaneamente triste e engraçado, muitos dos nossos esboços representam caras de pessoas tristes e alegres… no fundo, confusas, como, por exemplo, o esboço nº5, em que metade do rosto pretende comunicar alegria e a outra metade tristeza.

Aliada a esta ideia principal, surge também o facto de as tais pessoas da letra poderem estar a ser manipuladas e, assim, não fazerem nada com vontade própria. E, desta forma, surgiram os esboços números 4, 8 e 9.

O esboço nº 4 representa uma bola de vidro dentro da qual estariam várias pessoas e que seriam movimentadas ao sabor da mão que decidisse agitar a bola, e apenas e só se esta o desejasse.

O esboço nº 8 consiste numa marioneta, pretendendo representar de forma mais óbvia esta manipulação.

Quanto ao esboço nº 9, pode ver-se uma cara cujo sorriso é artificial e desenhado por um lápis que alguém (exterior) segura, ou seja, segundo esta lógica, as emoções das pessoas que dão forma ao mundo são previamente projectadas por alguém.

Pensando, de uma forma mais objectiva, em aliar os elementos básicos da Comunicação Visual à nossa composição, percebemos, de imediato, que o movimento e a direcção eram elementos que não poderiam faltar, pois as pessoas neste mundo de Gary Jules correm continuamente em círculos, fazendo também girar o próprio mundo.

E, desta forma, surgiram os esboços números 1, 7, 10, 11 e 12. Em todos estes desenhos, pretendíamos demonstrar os movimentos circulares através de objectos associados aos mesmos, como rodas gigantes, peões, roletas…

Entre estes doze esboços, seleccionámos apenas três que, posteriormente, desenvolvemos um pouco mais.


Neste esboço, idêntico ao nº 7, foram exploradas sobretudo a forma, as linhas e o movimento. Pretendíamos que o mundo fosse como um bola de basquetebol rodando sobre dedo de um jogador. Neste mundo estariam presentes várias pessoas formando uma espiral para imprimir movimento e dinamismo à composição.
O mundo era simultaneamente uma cara metade triste, metade contente e com óculos, visto ser um pormenor focado na letra da música.
A nuvem foi pensada para dar alguma textura à composição e através das linhas da chuva visava representar a tristeza.
Depois de desenvolver um pouco mais este esboço, percebemos que tinha demasiados elementos e que, por isso, se tornaria muito confuso e se desviaria daquilo que realmente pretendíamos comunicar visualmente.

Outro esboço, semelhante ao nº 8, foi o da marionete, em que exploramos linhas, pontos, formas e movimento de um modo muito mais simples, para fugir à “confusão” do esboço anterior.
À partida, tudo seria desenhado por nós, à excepção dos suportes da marionete, que remeteriam para o elemento exterior, para a manipulação destes bonecos. As linhas do corpo do boneco seriam tracejadas para transmitir fragilidade, enquanto que as linhas da própria marionete seriam cheias para demonstrar o quão manipuladas as pessoas podem ser.
Apesar de este esboço nos parecer facilmente exequível, o problema residia na “manipulação”. Depois de lermos a letra várias vezes, apercebemo-nos de que as pessoas não são manipuladas, mas sim, simplesmente, passivas e, desde então, esta possível composição ficou fora de questão.

Quanto ao terceiro e último esboço, semelhante ao nº 1, este é visivelmente bastante mais elaborado do que o anterior. Nele constam elementos como círculos, rectângulos (banco de jardim), triângulos, linhas (tracejadas ou não) e pontos.
A ideia era representar a passividade com as pessoas andam à roda numa roda gigante como se fossem felizes, enquanto que o protagonista da letra assiste sentado num banco de jardim, sentindo um misto de felicidade e tristeza, sendo a primeira representada pelo balão que segura, pelo sol, e pela própria roda gigante e a segunda pela nuvem e a chuva sobre a sua cabeça.

Como esta nos parecia uma boa composição para a capa de um cd, decidi procurar na Internet e tirar algumas fotografias a alguns dos elementos e objectos representados que, posteriormente, poderiam ou não ser coladas no nosso trabalho e que serviriam de inspiração. Aqui estão elas:


















Apesar de esta composição nos parecer interessante do ponto de vista da Comunicação Visual, pretendemos elaborar algo mais simples e que não desvie a atenção dos observadores.
Por isso, continua o suspense em relação à nossa composição. Já estamos a trabalhar nela há algum tempo, mas, por enquanto, não publicarei nada para não estragar a surpresa.

2 de março de 2010

À procura dos elementos básicos na pintura de Kandinsky

Queria explorar um pouco mais os elementos básicos do design, porque, no fundo, é este o propósito da primeira proposta da disciplina.
Comecei a pensar em artistas em cujas obras estes elementos estivessem presentes de uma forma explicita, uma vez que - penso eu podermos afirmar - ninguém pinta sem pontos, linhas, cores (ou ausência dela), formas, etc.…, ou seja, qualquer que seja a obra, um ou vários destes elementos têm de estar presentes. Donis A. Dondis parece também corroborar desta opinião, ou então sou eu que corroboro da sua opinião, de qualquer forma, o autor, na obra intitulada Elementos da Comunicação Visual, refere que:

“Sempre que alguma coisa é projectada e feita, esboçada e pintada, desenhada, rabiscada, construída, esculpida ou gesticulada, a substância visual da obra é composta a partir de uma lista básica de elementos. Não se devem confundir os elementos visuais com os materiais ou meio de expressão, a madeira ou a argila, a tinta ou o filme. Os elementos visuais constituem substância básica daquilo que vemos, e seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, direcção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.”

Comecei então a pensar em artistas cujas obras conhecia, ao vivo ou não, e lembrei-me de Kandinsky, aparentemente por nenhuma razão particular, ou talvez por ser abstraccionista. Lembrei-me de Kandinsky como me poderia ter lembrado de Picasso ou de Braque, de Delaunay ou de Malevich ou até de Mondrian.
Todos estes são pintores modernistas. Artistas de uma época em que as mudanças culturais eram tão constantes que nem deixavam amadurecer a anterior.

Wassily Kandinsky era um deles. Nasceu em Moscovo, em 1866, e morreu em França, em 1944. Na década de 1910, marcou a ruptura na pintura figurativa, estreando-se no abstraccionismo sensível ou lírico, ou até musical, se quisermos.
Como o próprio artista refere na sua obra Do Espiritual na Arte (1910), a corrente abstraccionista apareceu de repente, não foi algo premeditado, ainda que lhe tenha parecido, desde logo, naquele momento, que os objectos não só não eram necessários à pintura como até a prejudicavam:

“Uma tarde (…), mergulhado nos meus pensamentos, ao abrir a porta do estúdio, encontrei-me de repente perante uma tela horizontal de beleza indescritível e incandescente. Intrigado, parei a contemplá-la. Parecia-me um quadro sem tema, pois não descrevia qualquer objecto identificável e era totalmente composto por manchas coloridas. Finalmente, aproximei-me mais e só então reconheci o que na verdade era aquilo: o meu próprio quadro, posto de lado no cavalete… Uma coisa que se me tornou manifesta: que a objectividade, a descrição de objectos, não era necessária nas minhas pinturas e até as prejudicava.”

E assim surgiu a seguinte obra, Sem Título, pintada em 1910, considerada a primeira aguarela abstracta que, actualmente, está exposta no Centre Georges Pompidou, em Paris.


Nesta obra é possível encontrar alguns dos elementos básicos da Comunicação Visual. As formas, as linhas (que começam a ser linhas quando os pontos estão tão próximos que deixam de poder ser considerados individualmente e, por isso, deixam também de ser pontos), a cor, a escala, o movimento e a direcção.
Nesta aguarela, as linhas são maioritariamente finas, adquirindo mais dinamismo à medida que dirigimos a nossa atenção do lado esquerdo para o lado direito do quadro, linhas estas que, pela direcção diagonal e curva que descrevem, imprimem na tela um certo movimento circular.
Este movimento pode ainda ser acompanhado e, simultaneamente, evidenciado pelas formas circulares e ovais predominantes no quadro, formas estas que não sei bem o que são, mas que também não é importante saber, podem ser tudo o que quisermos consoante a nossa interpretação, e esse era o objectivo de Kandinsky: criar algo que não fosse objectivo, pois “as imagens figurativas perdem muita da força expressiva que, por si mesmas, possuem, pois somos incapazes de as dissociar do significado do objecto.” Eu sei apenas que são circulares e que, pela sua forma, comunicam visualmente comigo, o que não será certamente fácil de fazer.
Quanto às cores, na parte superior do quadro, predominam cores mais fortes, associadas a pinceladas mais largas e fluidas, parecendo também mais rápidas, enquanto que na parte inferior do mesmo, as cores reapresentadas são mais claras e as pinceladas mais curtas e finas.
As linhas, as cores e as formas também as diferentes escalas destas últimas fazem com que a parte superior do quadro seja a que, inicialmente, mais atrai o observador, conferindo à obra uma certa dinâmica que cada um apreende de variadas formas.
Lembro-me de estar a observar este quadro com uma amiga. Ficámos paradas em frente a ele durante exactamente o mesmo tempo. Para ela, as cores e as formas estavam em perfeita sintonia, tudo era harmonioso, quase que havia música nesta tela. Para mim, também havia música, mas não havia harmonia. Era como se as formas circulares, maiores ou menores, estivessem sempre aqui a rodopiar incessantemente, agitadamente, e de repente, quando olhávamos para elas, elas parassem imediatamente esse jogo da “apanhada” e fingissem ser muito bem-comportadas. Ainda hoje tenho esta sensação quando olho para esta pintura de Kandinsky.
O quadro era o mesmo, os elementos eram os mesmos, o dia era o mesmo, o tempo de observação era o mesmo e as interpretações não podiam ser mãos diferentes. É isto o abstraccionismo. É desta forma que os elementos básicos da comunicação visual conseguem, efectivamente, comunicar visualmente com os observadores.
Para Kandinsky, “a forma abstracta, porque se dirige à percepção sensorial comum à espécie humana, é, tal como a música, uma linguagem universal”, daí ter categorizado algumas das suas obras como ensaios, improvisações e composições. “As abstracções de forma e de cor, tal como a música, actuam directamente na alma”:

“Uma obra de arte é constituída por dois elementos: o interior e o exterior. O interior é a emoção na alma do artista; essa emoção tem a capacidade de provocar uma emoção semelhante no observador.
(…)
As duas emoções serão semelhantes e equivalentes na medida em que a obra de arte (elemento exterior) é bem-sucedida. Nesse aspecto a pintura não é diferente da música: ambas constituem uma comunicação.
(…)
O elemento interno, isto é, a emoção deve existir; caso contrário a obra de arte é uma impostura. O elemento interno determina a forma da obra de arte”.

Analisando agora a pintura intitulada amarelo vermelho azul, datada de 1925 e também exposta em Paris, esta é, comparativamente à anterior, visivelmente mais geométrica.


Do lado esquerdo, predominam linhas mais finas, mais leves. À medida que observamos o lado direito, estas linhas tornam-se mais carregadas, mais expressivas, destacando-se aquela linha preta que serpenteia este lado do quadro e lhe confere mais dinamismo e movimento, assim como a diagonal situada à esquerda desta.
Quanto às formas, embora todas sejam geométricas, do lado esquerdo, encontram-se mais quadrados e rectângulos de várias dimensões, ângulos rectos e linhas curvas que “cortam” linhas rectas, também linhas de direcção horizontal e vertical ou diagonais pouco marcadas. Do lado direito, as formas são mais circulares e não tão rígidas, aumentando de tamanho desde a parte central da tela até à sua extremidade, sugerindo um movimento ascendente.
As cores têm um papel preponderante nesta tela. Como o próprio título indica, da esquerda para a direita, passa-se do amarelo, para o vermelho e por último para o azul. O amarelo confere mais luz ao quadro, destacando as formas geométricas anteriormente descritas e fazendo com que esta seja, talvez, a parte do quadro que primeiro chama a nossa atenção. Na parte central do quadro está o vermelho que parece fazer a ponte entre o amarelo e o azul. A parte azul é a parte mais forte do quadro, mas também a mais escura. Neste lado, as formas são mais circulares e as cores variam entre o cor-de-rosa e o roxo, as linhas são mais espessas e a sua direcção confere mais movimento a esta parte do quadro, sendo que o lado esquerdo parece mais estático.
Assim, (segundo a minha interpretação) passamos progressivamente de um lado esquerdo estático para um lado direito mais dinâmico e fluído, onde as forma e a espessura e o trajecto das linhas representadas nos transmitem a sensação de uma certa musicalidade. O vermelho, no centro, é fundamental, juntamente com o amarelo, o azul e o roxo como cores de fundo, permitindo uma harmonia e até sintonia entre o amarelo e o azul, ou seja, fazendo com que não haja, para o observador, um corte demasiado violento entre as duas dinâmicas distintas, mas sim, pelo contrário, que, da esquerda para a direita, se caminhe suavemente do amarelo até ao azul. O mesmo grau de importância têm ainda os dois maiores círculos (ou os dois maiores pontos) presentes na tela, um na parte central superior e outro, mais pequeno, na parte inferior direita. Parecem estar ali também para equilibrar os dois lados, como mais um elemento de união entre as duas partes, ou não fossem os círculos o símbolo da perfeição e da harmonia.
E foi assim que encontrei os elementos básicos na pintura de Kandinsky e percebi que não são precisos objectos concretos para que estes consigam comunicar visualmente connosco, criando-nos várias imagens mentais que variam consoante a nossa própria interpretação.

“O sistema como um todo é formado por partes interactuantes, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes, e depois reunidas no todo. É impossível modificar qualquer unidade do sistema sem que, com isso, se modifique também o todo.” – D. A. Dondis