Esta é a nossa proposta final. Surpreendidos?
À primeira vista, parece bastante diferente dos esboços anteriores, mas se repararmos bem tem alguns pontos de semelhança, ainda que esta composição tenha ganho forma à medida que ia sendo elaborada, utilizando os programas informáticos Photoshop e FreeHand.
A ideia principal era retratar um mundo louco. Um estado de loucura e apatia, em forma de mundo.
Decidimos associar o mundo a uma mão, a mão de um basquetebolista, como se esta fosse um elemento exterior que gira o mundo sobre si com a intensidade que desejar, sem este poder fazer seja o que for para o impedir. Seguindo a mesma lógica, este mundo pretende ser a tal bola de basquetebol, apenas em forma de mundo.
Assim, utilizando o Photoshop, o contorno da mão foi decalcado a partir de uma imagem retirada da Internet. O contorno simples e preto da mão e o facto de esta não estar preenchida foi propositado, pois, caso contrário, levantar-nos-ia alguns problemas: De que cor seria a mão? Pertenceria a um indivíduo de raça branca ou negra? A um chinês ou a um índio?
Como não era nossa intenção colocar em causa qualquer tipo de discriminação étnica, optámos por esta forma simples. Não é importante a quem é que a mão pertence efectivamente, pode pertencer a quem o observador quiser.
Como não era nossa intenção colocar em causa qualquer tipo de discriminação étnica, optámos por esta forma simples. Não é importante a quem é que a mão pertence efectivamente, pode pertencer a quem o observador quiser.
Entre a mão e o mundo há uma grande diferença de escalas, o que foi intencional, pois, na realidade, era impossível uma pessoa suportar o mundo inteiro só com o dedo indicador.
A letra da música fala de um mundo louco onde as pessoas correm em círculos. Assim, pensámos inicialmente em preencher o mundo todo com caras de pessoas sem nos preocuparmos com a sua posição, mas depois mudámos de ideias.
Queríamos um mundo com formas tradicionais (para que este fosse mais um elemento realista na composição), e um mundo tradicional tem continentes e oceanos. Desta forma, os rostos das pessoas preencheriam apenas a parte continental da Terra, dando forma aos diferentes continentes e oferecendo-nos um novo elemento: o contorno.
Destaca-se que estes rostos foram cortados de várias imagens, utilizando o Photoshop, e estrategicamente colocados para que nenhum dos continentes prendesse mais a atenção do observador, pois essa não era a nossa intenção. Houve igualmente um cuidado na selecção das imagens de onde os rostos foram extraídos, pois pretendíamos captar determinadas expressões faciais que denotassem sentimentos específicos que, na nossa opinião, integram de algum modo a loucura, como a raiva, o medo, a ira… e estes rostos deveriam ainda ser o mais representativos possíveis da população mundial, estando presentes pessoas de diferentes faixas etárias, sexos e etnias.
Quanto aos oceanos, a nossa ideia inicial era que estes fossem constituídos por pequenos pontos de diversas tonalidades, mas, depois de algumas experiências, decidimos experimentar algo diferente, algo que oferecesse aos observadores alguma textura, algo que comunicasse visualmente de uma forma mais eficaz. E assim escolhemos na Internet uma imagem de um mar com ondas que, também através do Photoshop, colocámos atrás dos continentes, o que foi igualmente uma solução facilmente exequível mas criativa, pois raramente vemos imagens de globos terrestres com oceanos com ondas.
E assim estava criado o nosso mundo ao qual juntámos ainda uma fina linha verde que contorna os continentes. Esta linha tem dois significados ou funções: visa representar a esperança que o protagonista ainda sente em ver um mundo melhor e, por isso, é verde e também, num sentido puramente figurado, proteger as pessoas loucas, desvairadas de caírem ao mar. É ainda uma linha fina porque, apesar de ser importante nesta composição, não era essencial destacá-la.
Convém ainda referir que o mundo está ligeiramente rodado para a esquerda, criando uma sensação de desequilíbrio, como se a mão o pudesse deixar cair a qualquer momento.
No que respeita ao fundo, pensámos em várias opções, desde vidro estilhaçado a nuvens ou formas geométricas, mas tínhamos, desde logo, em mente que este teria de ser simples para não se evidenciar face ao mundo. Depois de lermos a letra mais umas vezes, surgiu a ideia de uma folha de papel que encaixou perfeitamente no conceito que procurávamos, pois, no fundo, este mundo louco, não é mais do que uma interpretação do autor da letra e, deste modo, é desenhado por ele, daí a folha de papel. Uma folha amarrotada, pois certamente terá desenhado o mundo muitas vezes e dobrado e esticado a folha vezes sem conta. Além disto, a folha de papel confere também textura à própria composição.
Por último, adicionámos ainda uma sombra por baixo do mundo e da mão, transmitindo a sensação de que o mundo tenta sair da folha de papel.
Com esta composição pretendíamos contar uma “história”. E é desta forma que no próprio CD apenas deixámos a mão e uma pequena parte do mundo no lado esquerdo, como se, depois de tanto balançar, este tivesse efectivamente caído.
Concluindo, através da nossa interpretação da música Mad World de Gary Jules, criámos uma composição em que explorámos elementos básicos da Comunicação Visual como a escala, o movimento, a forma, o contorno, a linha…, retratando aquele sentimento dúbio de alegria e tristeza na capa e no CD, respectivamente, passando de uma situação em que a mão ainda sustenta o mundo, para outra em que este acaba definitivamente por cair.
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